domingo, 10 de fevereiro de 2008

A diplomacia económica portuguesa - a formação de uma nova geração de international trade promoters

Em outubro de 2003 publiquei um trabalho para o think tank -CIARI - Centro de Investigação e Análise de Relações internacionais sobre uma área muito apaixonante - Diplomacia Económica.
Este trabalho teve origem num estudo que entreguei anteriormente na Academia Diplomática de Malta sobre Diplomacia Económica.

É um tema que está actualizado apesar de o modelo que defendi na altura ser hojecompletamente diferente do que está em vigor. a API não está separada do ICEP mas fundiu-se em AICEP, isto é, promoção das exportações e captação de IDE estão a ser tratadas pela mesma agência. Modelo que eu e o meu amigo Mário de Jesus não concordamos na altura e o expressamos publicamente no jornal de negócios através do artigo " uma fusão anunciada".

Infelizmente em Portugal a diplomacia económica independentemente de fusão ou não fusão necessita ainda de ser mais agressiva se não queremos que Portugal perca a batalha da competitividade global.

Nos mercados estratégicos para as nossas exportações e investimentos os outros players internacionais usam este instrumento diplomático com resultados muitos práticos. Vejamos Espanha e França por exemplo com estratégias de diplomacia económica bem articuladas entre empresas, bancos e institutos de promoção no que diz respeito ao Continente Africano.
Junto segue o meu ponto de vista em 2003.
Uma nota: Para quando a tal academia diplomática que sugeri?
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A globalização das relações internacionais e a integração de Portugal no Espaço Europeu aquando da adesão à ex-CEE em 1986, colocaram novas desafios à máquina diplomática portuguesa que actua no campo da diplomacia económica.

A diplomacia económica passa a ganhar relevância em detrimento das questões tradicionais da agenda diplomática.

O domínio de matérias como acordos comerciais entre a EU e os Estados Unidos, acordos aduaneiros entre a EU e o Mercosul bem como um conhecimento aprofundado de instituições económicas multilaterais como a OMC, UNCTAD e UNIDO passam a justificar o surgimento de um novo tipo de diplomata - o diplomata comercial.

Este novo diplomata com formação base em relações económicas e comerciais internacionais, um domínio aprofundado das matérias do comércio internacional e uma visão global das relações internacionais passa a desempenhar um papel-chave na defesa dos interesses das empresas portuguesas, dos sectores-chave da economia portuguesa e a dar um contributo para a internacionalização das empresas nacionais, e para a promoção das nossas exportações e captação de Investimento Directo Estrangeiro (IDE).

Nesta presente situação, a criação da Agência Portuguesa de Investimento ( API), a reorganização do ICEP e a autonomia da entidade que é responsável pela promoção externa do Turismo , são medidas positivas que vão de encontro a um novo modelo de diplomacia económica que se pretende para Portugal.

Portugal para ser um Estado com forte projecção internacional e capacidade de influência internacional, terá que Ter uma diplomacia económica e comercial pró- activa que esteja atenta às mutações rápidas no sistema económico mundial e que conheça em profundidade os mercados – alvo e emergentes com possibilidades de penetração das nossas empresas e com as melhores condições de atractividade de forma a se tomarem decisões correctas nos processos de
internacionalização das nossas empresas.

Esta nova geração de diplomatas com experiência internacional e abertas a um Portugal globalizado deverão ter uma nova visão das relações internacionais e das novas condicionantes da nossa Política Externa. Para que isso possa vir a acontecer o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Economia deverão criar uma academia diplomática em que se efectuem programas de formação inicial e contínua onde se abordem as seguintes áreas

temáticas:
- Negociação Internacional
-Diplomacia Comercial
-Internacionalização das empresas e das economias
-Promoção das exportações
-Comércio Internacional
-Marketing dos Países
- Investimento Internacional
-Mercados Emergentes
- Línguas
-Análise internacional de sectores/países
- Direito Comercial e Económico Internacional
Para além do que mencionei deverá existir uma maior interligação entre estes organismos e as câmaras de comércio e associações de empresários de forma a desenvolver um esforço coordenado de divulgação internacional da marca Portugal e de modo a aumentar a nossa taxa de notoriedade internacional.

Este novo modelo de diplomacia económica para ser implementado deverá ter em conta uma estratégia nacional acima de interesses partidários e corporativistas e, que corresponda a um projecto de longo prazo que contribua para a melhoria do relacionamento internacional de Portugal, para o aumento da competitividade das nossas empresas, para o prestígio internacional e valorização da marca Portugal nos mercado global em que a competitividade dos Países mede-se cada vez mais pelos seus factores intangíveis como o seu «Brand State», os Recursos Humanos e as empresas nacionais com capacidade e vontade de internacionalização.
Fonte: CIARI
Outubro de 2003
Autor: Alfredo Motty

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